Entenda como o pivot pode dar uma virada (do bem) em seu negócio
Começar um negócio é um sonho repleto de desafios para empreendedores. Como em qualquer atividade, começar e achar o ponto certo para fazer sucesso pode ser delicado, exige dedicação, perseverança e capacidade de se reinventar de forma sólida e rápida. Mas, por mais que as dificuldades apareçam no começo, é possível aprender com elas e superá-las. Uma boa maneira de concretizar isso é fazer o pivot do seu negócio. Mas você sabe o que isso significa?
O que é o pivot?
No futebol de salão, o pivot (ou pivô) é aquele jogador que consegue parar uma bola, girar sobre o próprio eixo, achar uma nova oportunidade de ataque e aumentar as chances de gols do seu time.
Em uma startup, o pivot tem um propósito bem parecido: trata-se de conseguir manter a base no seu modelo de negócio, mas buscar novas alternativas para ele. Ou seja, pivotar é dar uma pausa no que você já conquistou, ao mesmo tempo em que busca novas possibilidades de testar serviços, produtos ou relacionamentos.
Qual a origem do conceito?
O termo pivot surgiu com Eric Ries, um norteamericano que ficou famoso por desenvolver um bom trabalho junto a startups do seu país, em especial em empreendimentos de alta tecnologia. Eric desenvolveu um método de gestão conhecido como Lean Starturp (“lean” significa, em tradução direta, “enxuto”).
Esse método é baseado na eliminação constante de desperdícios e se baseia na tríade Construir, Medir e Aprender. O pivot se encontra na segunda e terceira etapa, já que se trata de saber mensurar se o seu negócio está atingindo o potencial desejado e, caso contrário, aprender como fazer com que seu modelo de negócio seja mais eficiente.
Quais são os tipos de pivot?
De acordo com a metodologia proposta por Eric, existem dez tipos de pivots. São eles:
1. Zoom-In Pivot: transformar o que antes era apenas uma parte do seu produto ou serviço em todo o seu produto ou serviço.
2. Zoom-Out Pivot: é o movimento contrário do primeiro item, ou seja, transformar todo o seu produto em uma funcionalidade ou parte de algo novo que irá suprir a necessidade do mercado.
3. Customer Segment Pivot: trata-se de adaptar o seu produto ao público-alvo correto.
4. Customer Need Pivot: adpatar seu produto às reais necessidades dos clientes.
5. Platform Pivot: mudar o seu serviço de plataforma — o que antes foi pensado como um site, por exemplo, pode funcionar melhor como um aplicativo para dispositivos móveis.
6. Business Architecture Pivot: é fazer com que o que era pensado como um negócio B2B, ou seja, para empresas, seja agora voltado para o consumidor final e vice-versa.
7. Value Capture Pivot: modificar o seu sistema de captação de renda ou de monetização do seu negócio.
8. Engine of growth Pivot: buscar alternativas para a divulgação do seu produto — às vezes, um produto que foi visto como algo viral, que irá gerar divulgação espontânea através dos consumidores, precisa de outro método de marketing, como propagandas.
9. Channel Pivot: é a mudança de logística de entrega do seu produto.
10. Technology pivot: buscar uma nova tecnologia que irá tornar o seu negócio mais competitivo.
Como saber se é um bom momento para pivotar o seu negócio?
É preciso sempre se manter atento aos sinais de que sua startup está dando sobre sua possibilidade de sucesso. Mas, mais importante ainda, é ter consciência de que o pivot não deve ser algo simplesmente reativo: é preciso estar atento ao mercado, concorrentes e clientes para poder detectar novas oportunidades de crescimento e garantir a saúde da sua empresa.
Por vezes, uma nova tecnologia pode ser um ponto claro para se pivotar: a Kodak, por exemplo, uma das maiores empresas da área de fotografia analógica, não percebeu isso a tempo e se deu mal com o crescimento do mercado das câmeras digitais.
Da mesma forma, uma mudança de comportamento dos consumidores deve ser detectada: todos nós sabemos o que aconteceu com as locadoras de filmes com o advento da internet. Por isso é importante estar aberto às mudanças, disposto a entender as novidades e ter agilidade para se adaptar a uma nova realidade.
No entanto, vale lembrar que pivotar não é abandonar o seu modelo de negócios e começar do zero: é preciso aproveitar sua experiência e recursos adquiridos para aprimorar a competitividade da sua startup.
É necessário realizar um planejamento para pivotar?
Sim, claro! Pode parecer óbvio lembrar que tudo em um negócio sério deve ser feito com planejamento, mas há quem se deixe levar pela ansiedade em mudar o seu foco de negócios e se esquece de fazer a preparação necessária.
Um pivot bem-sucedido só é possível quando baseado no mapeamento e análise de todas as variáveis que influem o seu negócio, desde tecnologias e hábitos de consumo, passando por legislações, concorrência, fornecedores e até na disponibilidade de matéria prima. Além disso, lembre-se de que pivotar é girar sobre o próprio eixo, ou seja, sempre leve em conta a experiência e capacidade adquiridas pela sua startup.
Empresas que pivotaram se deram bem?
Existe uma série de empresas que permaneceram relevantes graças ao pivot. Se a Kodak não soube se adaptar à mudança do mercado de fotografia, a Fuji Film teve uma ação mais efetiva: ela utilizou sua experiência em produtos químicos de filmes e revelação para entrar no mercado de cosméticos e remédios. O PayPal começou voltado para dispositivos chamados de handheld, como o saudoso Palm Top.
No entanto, a empresa logo se deu conta de que o forte do seu negócio estava nas transações financeiras via web. Outro exemplo é o YouTube, referência absoluta quando assunto é video online. No entanto, a startup surgiu para ser um site de relacionamentos baseado em vídeos! A avaliação correta do produto que tinham em mãos fez com os fundadores pudessem transformar o site em uma plataforma de divulgação e compartilhamento de conteúdo.
Fazer o pivot na sua startup pode ser a diferença entre uma iniciativa que até era promissora para uma empresa realmente relevante. Lembre-se de que o sucesso não pode ser alcançado por quem desiste diante dos primeiros obstáculos, mas sim por quem tem visão de jogo para buscar novas oportunidades para a empresa que criou. Você tem uma startup que não está dando o retorno esperado? Talvez seja a hora de pensar em fazer o pivot!
Via Endeavor Brasil 27/05/2015